domingo, 11 de novembro de 2007

Rio Novo e Cia. (2/4)

O sorteio foi feito de antemão, em tempos de calmaria, de maneira a evitar confrontos entre as partes interessadas. Democraticamente e sem prejuízo da honestidade, ficou deliberado que a “Mocidade Dependente do Rio Novo” daria início aos trabalhos. Conhecida pelo perfil elitista dos poderosos da região, nela se destacavam as garotas mais bonitas, num excesso de adereços. Carros alegóricos espetaculares viriam acompanhados por uma orgia de fogos de artifício.

Na seqüência, entrariam os “Unidos do Barrabás”, utilizando-se de seu maior potencial: a alegria. Numa eficaz estratégia, seus dirigentes encheriam a escola – símbolo maior da resistência do povo local – de gente barulhenta. Depenariam os próprios bolsos e, se fosse necessário, pediriam um reforço extra à Prefeitura. Tinham uma única certeza: a Barrabás sairia vitoriosa.

Carola sempre cultivou simpatia pelas minorias e os injustiçados. Desde sempre, empresta sua voz ao coro do populacho. Dessa vez, sua fantasia ficou pronta com bastante antecedência. Eu tivera o cuidado de vesti-la num cabide, de forma que se amassasse o mínimo possível. Era todinha feita de papel celofane ‘changeant’ transparente, em nuances das cores do arco-íris.

Aproveitei o cabo da enceradeira pra colocar as asas de plumas rosadas. O melão na fruteira serviu de apoio para o arco com antenas, que iria enfeitar sua cabeça. Confesso que achei a idéia original, mas desconfiei da vulnerabilidade de uma fantasia toda feita de papel. Enfim. Ela olhava tudo aquilo encantada, imaginando-se a figura central da Ala das Borboletas Nacaradas. Nem Freud seria capaz de explicar tamanha confiança.

4 comentários:

Anônimo disse...

Hummmm... agora fiquei mais curiosa ainda! Acho que estou meio como a Carola, ansiosa a esperar por seus posts!
Beijo,
Gi

Grilinha disse...

Ansiosa pelos próximos posts...
Bjs

Unknown disse...

Adoreeeeeeeeeeeeeeeei Eliane!
Muito bom, fiquei lendo até agora.
Tem bons links também. Parabéns!
Estou amando seus textos.
Beijos,
Mirinha

Anônimo disse...

saudades tia Lili!
Beijos.