sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Birutagem

Fico de cá, pensando nas injustiças da vida. Não exatamente naquelas que nos flagelam, mas nas que participamos tendo que ficar apenas como espectadores.

Dia desses, me chega a Carola, indignada, contando:

- Mãe, cê não imagina o que me aconteceu agora. Sabe a D.Gislaine, aquela que mora na casa velha e tem um salão de cabeleireiro? Pois é. Eu dei bom dia pra ela por três vêzes e nada. Na primeira, achei que ela não tinha me visto. Na segunda pensei que ela não tinha me escutado. Depois da terceira, ela botou as mãos na cabeça e disse:

- Puta merda, o diabo chegou!!! Cê não faz nada aqui. Nem unha, nem cabelo! Sai fora!

- E eu saí. Logo eu, que vivo comprando jaboticaba dela! Depois me disseram que ela é meio tan-tan, coitada. A gente tem que desculpar, né? Afinal de contas ela é biruta...

Tem gente que escolhe o caminho mais difícil para conquistar lugar de direito na vida, tipo essa tal de D. Gislaine. Não quero concessões, apenas respeito. Fico de cá, olhos atentos, percepção aguçada e quase zero de proteção. Receita de mãe que também vem aprendendo a cada dia que o contraponto do seu controle é o burilamento da auto-estima do filho.

Cabe aqui uma nota:

" Preconceito: doença que turva nosso olhar e entorta nossa alma; que nos diminui e nos emburrece."

Xô!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Tia Lili, tô com muita saudade. Essas coisas acontecem e aparentemente continuarão a acontecer, né? Ainda bem que a Carola tem um coração igualmente excepcional. Beijos.